número treze, ano nove
evito visitar os teus retratos antigos para não me perder em infinitos distantes que me farão não saber o caminho da volta. caminhos longos, tipo as estradas do sertão. longos, como o comprido do castanho dos teus olhos. tão fundos quanto o fim do mar que busco e não alcanço. (como posso
ver o que não
alcanço?)
quero virar a esquina e dizer que sinto muito pelo tempo. e quando você virar junto, quero pegar no seu rosto com as duas mãos e contar os sinais com os dedos. quero que o líquido que escorre dos meus olhos gritem que o relógio foi inútil e você me responda de volta que está tudo bem, igual como no sonho da semana passada. tenho aprendido sobre a brevidade das coisas e que o adeus se camufla nas flores que você gostava, no vidro do perfume que ainda guardo e na canção que me faz tapar os ouvidos, antes que eu enlouqueça por pensar no tic tac das coisas. aprendo que
tudo é ciclo e tudo se transforma e que
eu (também) vou com o tempo, dedo mindinho com dedo mindinho,
esperando que ao virar a esquina você esteja como nas tardes de 99. de vestido florido,
e eu com a calça vermelha e aquele tênis branco. cabelos soltos.
pra sempre.
comigo.